Tempo III

As Viagens de Paulo
2 min readDec 8, 2021

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O tempo é um delírio.

Ainda que a humanidade tenha se esforçado e criado uma série de disposições para tentar regrar e determinar o tempo, ele mantém-se altivo. Ainda que nos esforcemos para expressá-lo até em números, na verdade ele ainda é fruto de nossas fantasias. Eu sei, pode parecer inquietante, mas nós que inventamos o tempo.

O tempo é Senhora.

Ainda que não exista, mas já que assim criamos, o tempo é uma senhora impetuosa. A dor dizem que a cura parte do tempo. O crescimento dizem que só se mede pelo tempo e até sermos adultos não entendemos como perdemos tempo imaginando como serenos quando formos adultos. Primeiro por ser uma perda de tempo viver tanto de futuro, segundo, pois o futuro nem existe. O futuro é um desejo. Que pertence ao tempo, uma Senhora impetuosa.

O tempo é presente.

Não existe passado. Não existe futuro. Ainda que tenham transformado isso numa máxima individualista embebida de capitaloceno, o futuro é apenas uma ansiedade que carregamos no agora por sermos incapazes de aceitar que não há garantia de que haja um amanhã, tampouco se será diferente de um hoje. O passado só existe na escala humana. Se pensarmos que nossa espécie produz registros mais organizados a um punhado de milênios, perto da história do universo é irrelevante. Não me venha dizer que o tempo é uma grandeza escalar, até por que grandeza escalar também é uma definição que criamos para dar sentido para algo que age independente da nossa vontade ou intuição, o tempo, por exemplo.

Eternos exitem aos infinitos.

Não sentimos nem vivemos o tempo da mesma maneira, ainda que aceitemos a sua não existência. Sabemos que uma hora pode durar para sempre antes de um resultado esperado, assim como um dia parecer um segundo quando se está fazendo o que quer, ou se está com quem se deseja. É aí que moram as eternidades , nas retinas que se encontram intactas por um segundo. É assim que se fazem os infinitos.

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